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Missa Brevis (1570)
Giovanni Pierluigi da Palestrina (c. 1525-1594)
Testemunhos
A disponibilização dos testemunhos patentes nesta página deve-se ao muito nobre trabalho que, entre 1923 e 1925, o Dr. Ernesto Leite de Vasconcellos, irmão mais novo de D. Sebastião de Vasconcellos, levou a cabo para poder congregar as memórias de uma pequena parte dos que tiveram o apanágio de conhecer de perto o Arcebispo de Damieta. Procedeu-se à tradução dos textos recebidos do estrangeiro e à actualização da grafia dos escritos nacionais para mais acessível se tornar a leitura aos que os consultam. Página em contínua actualização.
Card. Basilio Pompilj
Vigário-Geral de S.S. para a Diocese de Roma (Itália)
D. Sebastião Leite de Vasconcellos, Arcebispo de Damieta, era muito estimado e amado em Roma pela sua piedade, caridade e zelo, e, ao morrer, deixou uma grande saudade. Onde quer que houvesse uma boa obra a fazer, nunca a recusava, e suportava sempre de bom grado o cansaço e o sacrifício por amor de Deus.
Lembrava-se de que hilarem datorem diligit Deus e, para agradar ao Senhor, dissimulava os incómodos e os inconvenientes, mesmo que alguém abusasse da sua bondade. Foi verdadeiramente o homem de Deus, simplex et rectus, que tinha consagrado toda a sua vida à glória de Deus e ao bem do próximo, e tal manifestava-se sempre com a palavra e com as obras.
Card. Pietro Maffi
Arcebispo de Pisa (Itália)
Lembrar-me-ei sempre dele como uma das mais belas almas que conheci. Pródigo de si e de tudo o que fazia, fervoroso de fé e de caridade, não via, não procurava senão Deus, Deus para a sua alma e para a alma do próximo: daí aquela transparência de ardor de imolação, sem limites, que não podíamos contemplar sem nos sentirmos comprimidos pela mais profunda comoção. Ofereceu-se como hóstia, vítima, holocausto em odor de suavidade, e Deus recolheu-o como uma flor de outros perfumes no Céu. Bendito!
Card. Désiré-Joseph Mercier
Arcebispo de Malinas-Bruxelas (Bélgica)
Tive a alegria de conhecer de perto, durante os longos meses de exílio que passou na Bélgica, S. Ex.ª o Bispo de Beja, D. Sebastião de Vasconcellos. Guardo dele, da sua bondade, da sua piedade, da sua humildade, sobretudo, uma fiel e profunda recordação.
S. Ex.ª o Bispo de Beja edificava todos aqueles que se aproximavam dele.
A comunidade caritativa onde viveu ainda hoje fala dele com veneração. Os amigos que tiveram a honra de o conhecer à minha mesa, na Arquidiocese de Malines, disseram-me muitas vezes que se sentiam cativados pela sua simplicidade sempre sorridente. Um traço da sua grande piedade ficou-me gravado na memória. S. Ex.ª o Bispo de Beja veio visitar-me à minha residência episcopal, precisamente no domingo da Oitava do Santíssimo Sacramento, dia em que o Deus da Eucaristia é levado, em procissão, pelas principais ruas da cidade.
Estava um calor abrasador. No entanto, o Venerável Prelado tinha feito questão de levar o seu divino Rei sem revezamento. Caminhei ao seu lado.
O suor escorria-lhe pela testa. Com os olhos fixos na Sagrada Hóstia, não cessava de repetir os versos do Adoro Te, do Te Deum e do Miserere. Ouvia-o rezar. A multidão contemplava-o.
Card. Franz Ehrle, S.J.
Arquivista do Arquivo Apostólico do Vaticano (Santa Sé)
Edificou-me pela escrupulosa e devota exactidão com que observava e me ensinou as cerimónias das sagradas funções do meu novo estado. Por fim, deu-me um edificantíssimo exemplo pela sua vida pobre e mortificada, conjugada com uma terníssima caridade e extraordinária bondade para com os pobres e aflitos que tinham a sorte de se aproximar deste santo prelado. A sua morte pôs nos lábios de toda a gente os versos: Beati mortui qui in Domino moriuntur, opera illorum sequuntur illos.
D. Alfonso Alejandro Nouel
Arcebispo de S. Domingos (República Dominicana)
Tinha o zelo dos Apóstolos e a sua alma era toda caridade...
Perseguido e expulso, e com os mesmos sofrimentos de Paulo, poderia talvez ter desfalecido como Pedro, mas o seu coração, que era fogueira de amor e de ternura como em João, conservou sempre a pureza angélica primitiva que permitia àquele reclinar-se no Coração do Amado Salvador.
Card. António Mendes Bello
Cardeal-Patriarca de Lisboa (Portugal)
Na sua alma, enobrecida por delicados afectos, não se abrigavam os sentimentos da malquerença, ódio ou vingança, quando mesmo a afronta o melindrasse, a injustiça o ferisse e por mais violentas que fossem as amarguras a saturarem-lhe o coração.
Com fervoroso entusiasmo prestou o seu apoio a tudo o que pudesse comunicar alívios e consolações ao próximo, esplendor e brilho à Religião, lustre e acrescentamento à Pátria.
D. Manuel Vieira de Matos
Arcebispo de Braga e Primaz das Espanhas (Portugal)
Morrer é ser esquecido e D. Sebastião de Vasconcellos jamais o será. Ele vive na memória e no afecto de todos os bons portugueses, aos quais deixou o exemplo das mais acrisoladas virtudes. Como sacerdote mereceu ser chamado o «D. Bosco português» e como Prelado conquistou o nome glorioso de Bispo mártir pela sua apostólica coragem.
D. António Barbosa Leão
Bispo do Porto (Portugal)
Era todo zelo, tinha o ardor de um apóstolo! Nada o detinha, nada o preocupava senão o cuidado do seu rebanho. Para ele não havia dia nem noite, bom nem mau tempo, onde eram precisos os seus cuidados de Pastor, era aí que ele aparecia, às vezes de surpresa, e era aí que ele se demorava, ainda que lhe faltassem todas as comodidades. Foi por isso que, quando a perseguição o obrigou a separar-se do seu rebanho, tão sentida foi a sua ausência.
P. Francisco da Cruz, S.J.
Sacerdote da Companhia de Jesus (Portugal)
Mais tarde, quando Digníssimo Prelado da Diocese de Beja, tive ocasião de presenciar o seu carinho e extrema dedicação pelos seus seminaristas, nos quais procurava, com o maior desvelo, incutir o verdadeiro espírito sacerdotal.
Fui a Beja algumas vezes administrar o Santo Sacramento da Penitência a esses aspirantes ao Sacerdócio, nos quais o Venerando Prelado tinha todas as suas esperanças, e tive ocasião de conhecer a influência salutar no espírito desses seminaristas proveniente dos santos exemplos e conselhos paternais de tão Digno Pastor.
S.M.F. D.ª Amélia de Orleães
Rainha consorte de Portugal
A evocação do falecido Bispo de Beja, depois Arcebispo de Damieta, que tantas amarguras conheceu apenas elevado ao Sólio Episcopal, e que viveu e morreu nas tristezas do exílio, a evocação desta figura de Padre exemplar, de Padre fiel à sua Fé, ao seu Rei, faz-me, sobretudo, lembrar o «Padre Sebastião» do Porto, o Pai dos rapazes abandonados, dos pequenos votados a todas as misérias do corpo e da alma, e que ele salvava, fazendo deles cristãos e homens úteis ao seu País.
Conheci, há mais de 30 anos, este Apóstolo do Bem, no Porto, aonde ele era tão apreciado, tão querido.
Saudosos tempos.
Henrique Trindade Coelho
Antigo Governador Civil, escritor e jornalista (Portugal)
Se há almas, porém, que Ele singularmente toca, concedendo-lhes a graça fascinadora e vitoriosa de uma penetração e irradiação que as outras almas não possuam, a excepção apenas significa que todo o rebanho humano, para se não perder, carece de pastor; mas que só pode ser pastor aquele que Deus para tal predestinou. Integralmente o foi o Senhor Arcebispo de Damieta. E acrescentaria: prodigamente, se as suas primeiras passadas votivas pelas prisões, pelos humildes e pelos míseros do Porto (onde fundou essa admirável instituição das Oficinas de S. José) não revelassem já a iniciação do apóstolo nas dores mais cruciantes deste mundo e na mais formosa essência do Evangelho, resumida nas palavras de Jesus: «Vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres».
Dizia Emerson que nada de mais raro, num homem, que um acto absolutamente seu. Pois foram absolutamente seus, e de cristão, todos os actos de consciência e inteligência do Senhor Arcebispo de Damieta. Mentirosos e efémeros os juízos do presente, só ao futuro compete o julgamento do passado.
Acolhido à mão direita de Deus, serenamente pode perdoar aos homens que o condenaram o Senhor Arcebispo de Damieta.